domingo, 28 de julho de 2013

A (in)diferença na igualdade desigual !



Vivemos num mundo de pessoas diferentes. Essas diferenças se baseiam em raça, género cultura, condições materiais entre outras coisas.


Quando temos uma visão, de um indivíduo ou grupo social diferente, baseado em valores próprios ou padrões adotados pela nossa cultura, acabamos considerando o nosso ponto de vista ou nossa cultura como sendo mais correto e natural. E a tendência do ser humano é negar ou repudiar o que é diferente. Acontece então a dificuldade de enxegar o mundo com sua multiplicidade e o resultado disso é discriminar os que são diferentes.

A desigualdade social é tratar o outro como desigual, centralizando o poder na mão de poucos.

No caso da desigualdade social de acordo com Marx ela se baseia nas relações entre as classes e ocorre quando o poder, que na nossa sociedade capitalista é o dinheiro, se concentra nas mãos de poucos. Se o dinheiro se concentra na mão de poucos isso significa que alguns não terão nada e isso é a desigualdade.
Alguns artifícios são usados pelo governo para produzirem a identidade social encobrindo a desigualdade social. Dois exemplos disso são o futebol e o carnaval. Esses eventos não só encobrem a desigualdade como também aquecem a economia do país.
A desigualdade social e a violência são os principais desafios para o mundo actual. De acordo com a ONU, entre os principais problemas estão a corrupção, desigualdade social, racismo, tortura e impunidade. A violência atinge cada vez mais pessoas, violando os direitos humanos mais diversas formas.
A exclusão social é uma forma de violência, pois viola os direitos humanos e impedem o desempenho da cidadania. O termo exclusão significa problemas sociais que levam ao isolamento e até à discriminação de um determinado grupo acarretando uma situação de falta de acesso às oportunidades oferecidas pela sociedade aos seus membros
O termo exclusão social teve origem na França,com isso foi influenciado pelo modo francês de classificação social e está relacionado com pessoas ou grupos desfavorecidos. De acordo com o sociólogo francês Robert Castel (1990), a exclusão social é o ponto máximo atingível no decorrer da marginalização. A Marginalização é um processo no qual o indivíduo vai progressivamente se afastando da sociedade através de rupturas consecutivas com e mesma.
A exclusão social pode implicar na privação, falta de recurso e de uma maneira mais abrangente na ausência de cidadania e participação plena na sociedade nos níveis cultural, social, económico, político e ambiental. Ela exprime-se em seis dimensões do nosso quotidiano: 

  • do SER, que está relacionado, a auto-estima, o auto-reconhecimento individual, ou seja, direito a dignidade; 
  • do ESTAR, que está relacionado a pertencer a um grupo social que vai desde a família até de vizinhança, o direito ao convívio com grupos, interagir socialmente; 
  • do FAZER, que está relacionado com tarefas socialmente reconhecidas, como o emprego remunerado ou trabalho voluntário não remunerado; 
  • do CRIAR, que está relacionado com a capacidade de empreender, assumir iniciativas, de definir e concretizar projetos e de inventar e criar ações;
  • do SABER, que está relacionado ao acesso a informação e conhecimento escolar que impede a capacidade crítica frente a sociedade 
  • do TER, que está relacionado com o rendimento, o poder de compra, o acesso a níveis de consumo médios da sociedade. 




A exclusão então define-se por uma situação de não realização de várias dimensões sociais, é o não ser, não estar, não fazer, não criar, não saber e não ter.

O grupos marginalizados são muitos como por exemplo: moradores de rua, prostitutas, homossexuais, obesos, mulheres, negros, idosos entre outros.


Estas pessoas invisíveis além de não ter seus direitos, são tratadas com todo tipo de violência e rejeição. Tudo que elas precisam é serem olhadas por alguém. Será que as pessoas só poderão enxergar essas realidades se viverem nela? Porque esses grupos marginalizados não são vistos como seres humanos sofrendo? 


Podemos esperar mudanças se ficamos cegos, surdos e mudos a nossa realidade social? Será que a insensibilidade é algo que paralisa? 
Muitos (incluindo, eu) esperam ter um mundo mais justo e igualitário porém quando se deparam com a realidade de desigualdade que vivem pensam: "De que adianta fazer alguma coisa se outras pessoas não fazem?" 

Nós podemos ver, porém sem enxergar, nós podemos ouvir porém sem compreender e nós podemos ficar calados ao invés de falar. 

Porém o começo da transformação de nossa realidade dependerá do quanto estamos sensibilizados e atentos e sobretudo predispostos a mudar! 


Podemos pensar em estratégias de inclusão através de dois processos interagindo positivamente entre indivíduos excluídos e sociedade. O primeiro é tornar os indivíduos cidadãos plenos, recuperando as competências do ser, estar, fazer, criar, saber e ter. O segundo é ter uma sociedade que permite acolher a cidadania na total e plena acepção da palavra. 




“Tente mover o mundo, o primeiro passo é mover a si mesmo.” #Platão


Sónia Isabelle Sousa, Julho 2013